Com a fome, veio-me à memória aquele soldado, tão novinho, que durante três longos meses se socorreu da 'objecção de consciência' para não disparar um único tiro, em tempos de guerra apertada. Se não queria matar, para que se alistara ele nas tropas, perguntávamos-lhe nós, gozando à fartazana com a história da consciência. O pobre rapaz não sabia responder, o seu sonho sempre fora ser cozinheiro num desses grandes barcos de pesca, mas nunca soube para que lado era o mar.
A salvo dos tiros pela alínea 27), do trigésimo primeiro artigo, da segunda edição, traduzida, revista e aumentada, da convenção de Genebra, era ele quem roubava alguns dos pombos-correio do capitão, todas as sextas-feiras, e nos enchia a caçoila com o seu arroz de galinhola farrusca aos sábados de manhã. Um verdadeiro chef, muito mais do que um soldado raso.